Vors - Eve - Parte 2

Eve - Parte 2


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Finalmente, sua mão esquerda segurava o adolescente pelo pescoço à frente dela, seu rosto acinzentado era iluminado pela luz artificial revelando um sorriso sádico estampado no rosto, seus olhos negros inchados brilhavam e o longo cabelo acastanhado chegava até o final das suas costas gerando nela uma aparência cadavérica.
Tiago tentava livrar-se de seus dedos inutilmente enquanto olhava para seus amigos petrificados, já sentia seu sangue ter má circulação pelo corpo, mas isto era colocado em segundo plano e mal notado em comparação ao coração batendo rápido e o medo da morte gritando em sua cabeça.
-Não deveriam ter vindo aqui –Dito isto, sua mão passara a segurar o cabelo dele e com a outra enrolou uma das correntes no pescoço e puxou ao passo que a vítima soltara um berro ecoado pelo ouvido de todos.
Sem demora, o grito cessou, o corpo caiu e o sangue foi esguichado por todo o redor, a cabeça ainda estava à exposição para os demais, o olhar assustado e a boca aberta permaneciam enquanto o líquido escorria sobre sua perna esquerda. Os segundos anteriores ainda ressoavam lentamente dentro das mentes dos garotos, os quais tentavam digerir o acontecimento.
-Aproveitem seus últimos minutos de vida –Condenou e sem dar tempo para resposta, largou o cadáver e começou a andar até Roberto, os três saíram correndo para o primeiro lado que viram, cada um em diferentes direções, ambos desesperados.
O medroso corria em pânico, repetia para si mesmo “Isso não é real” aterrorizado, seus sentimentos passaram a dominar seu cérebro, a ponto de não perceber a neblina voltando e fechando-se sobre ele.
O ambiente tornara-se denso e difícil de respirar, mesmo com a luz era extremamente complicado enxergar os objetos à sua frente fazendo-o bater constantemente, quanto mais corria e tropeçava nos troncos das árvores enraizadas ao chão, ou pedras grandes que quase quebravam algum osso, seu corpo precisava gradualmente de mais ofegadas para manter-se oxigenado.
Sua mente já não raciocinava, seu horror somado à adrenalina levavam o corpo ao limite, forçando-o a ir mais rápido e continuar com a vontade de sobrevivência, tal que ignorava o machucado sangrando no joelho, os roxos na coxa ou o espinho atravessando o tecido do tênis e machucando a pele do pé, enquanto isso as cordas vocais emitiam a mesma frase o tempo todo, como um disco riscado.
Após chegar num determinado trecho, foi surpreendido com um galho acertando ele em cheio, o impacto fez com que caísse na grama morta e a dor impedia de levantar-se, o cansaço finalmente chegara e a exaustão dificultava o menor dos movimentos.
-Eu posso assegurar-te, o que está acontecendo é bem real –Uma voz feminina comentou, seu rosto apareceu no campo de visão dele com um sorriso, e sem esperar, segurou seus braços e arremessou o garoto longe.
Domingos estava escondido em uma espécie de gruta que encontrara, repassava os últimos momentos em silêncio, digerindo e esperando uma chance dela não o encontrar e desistir de procura-lo, assim ganharia um pouco de tempo para fugir sem chamar atenção.
Interrompendo seus pensamentos, um grito foi ouvido seguido por uma batida e logo um som parecido com engasgamento, estranhando, saiu discretamente de seu esconderijo e espiou em volta procurando o ocorrido.
Caminhou um pouco sem entender, mirava a lanterna para cima e à altura de sua cintura, logo pisou em algo gosmento, olhou assustado e viu que estava em cima de uma poça da cor nude, passou a luz e viu mais outras poças ali em volta de uma grande árvore, a qual dava-lhe arrepios apenas olhando.
Um de algo cedendo chamou sua atenção e ao andar até a direção, deparou-se com uma espécie de carrinho de mão destroçado, a madeira estava manchada por sangue e ao topo, espetado por uma das toras inclinadas, estava Roberto totalmente sem vida com a barriga para cima, os braços e as pernas abertos, seu pescoço caído e os olhos aterrorizados encarando os dele.
 Seu corpo congelou, porém, a assassina não deu muito tempo para que ele entendesse a morte, passos e o som das correntes arrastadas aproximavam-se em uma caminhada apressada, obrigando-o a voltar a colocar-se na escura e úmida caverna novamente.
Procurava conter a respiração e fazer o menor barulho possível, mesmo com seu coração disparado por medo, ouviu sons esquisitos e supôs que estava mexendo no corpo do amigo, sentiu vontade de vomitar ao lembrar da cena, entretanto precisou conter.
Após alguns instantes, tudo se tornara quieto, o jovem julgou que ela havia ido embora e conseguiu relaxar um pouco, ainda sim sentia muito medo de espiar para conferir, seu corpo continuava muito rígido e tenso com a situação mesmo a meia certeza de paz, sua mente perturbada não sentia segura para ter um ato corajoso para preencher a insegurança.
De repente, a cabeça de Rodrigo apareceu na entrada da gruta pendurada, o susto de Domingos foi tamanho que não foi capaz de segurar o grito, entregando totalmente onde estava.
Um turbilhão de pensamentos passou por ele e chegou à conclusão de arriscar sair correndo para permanecer vivo, logo colocou em prática, com o medo gritando em seu ouvido, levantou e correu pela floresta antes de pega-lo encurralado.
Todavia, foi apenas questão de poucos minutos para que a garota alcançasse e derrubasse seu corpo rapidamente, quando se olharam, os olhos da morta eram frios e insensíveis, quase raivosos ao encara-lo.
O adolescente até tentou balbuciar algumas palavras, mas nada impediu que uma corrente entrasse pelo seu olho, acompanhada de um grito estridente, e atravessasse toda a região do crânio e depois ser retirada sem que Eve esboçasse alguma alteração na sua fisionomia gélida e cruel.
Patrícia andava entre as árvores procurando uma saída, parecia estar caminhando em círculos ou aqueles amontoados de troncos eram infinitos, já havia passado muito tempo e ainda não achara nada, ou pelo menos aparentava.
Prestava atenção a cada ruído, até ouvir um grito ao longe, seu sangue gelou e a jovem pôs-se a correr desesperada com a ideia de ser a próxima, precisaria encontrar logo um jeito de escapar daquele inferno, milhões de possibilidades passavam por seus pensamentos, enquanto sua visão apressada verificava seu redor a todo segundo.
Sem demora, uma luz ao alto apareceu por trás da névoa, e com uma ânsia motivada pelo medo, a última pessoa viva dali decidiu chegar lá impulsivamente. Aproximando-se, viu um poste de luz e a densidade da bruma menor, consequentemente estaria a uma distância curtíssima da estrada.
A boa notícia a fez soltar um suspiro aliviada, entretanto, quando fora dar o primeiro passo, uma adoba envolveu-se em sua garganta e puxou-a para cima sufocando a vítima.
-Você lembra-me delas, e isto só aumenta minha vontade de matar-te –Comentou Eve olhando a forca feita de baixo, enquanto a outra agonizava sem ar e embora tentasse lutar contra, era inútil.
Aos poucos foi perdendo o ar, ocasionando em uma morte lenta e sofrida para a garota, a qual derramava lágrimas incessantemente tentando puxar o ar aos pulmões, e quando a dor finalmente acabou, seu corpo caiu no chão e uma sombra masculina cobriu-o da luz.


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