Eliot - Parte 1
Três pesquisadores dirigiam por
uma estrada em clima descontraído, estavam indo até uma fazendo para fazer
estudos do solo a pedido da prefeitura.
Pelo que sabiam o lugar pegara
fogo a alguns anos atrás, matando a plantação e o fazendeiro, vários jornais
noticiaram o ocorrido na época e junto disto haviam vários rumores dos
responsáveis serem de uma seita.
O carro passava pela pista
tranquilamente, o sol brilhava e as folhas verdes das árvores ao redor
balançavam pelo vento, um ambiente calmo, enquanto os cientistas conversavam
entre si sobre os feitos durante a carreira.
O trio fora escolhido a dedo pelo
encarregado de delegar-lhes a tarefa, conheciam-se apenas por nome e para
ocuparem o tempo, procuraram saber mais um do outro, embora algumas narrativas
foram alongadas demais aborrecendo os outros.
Lucas já em prontidão desatou a
falar do seu ilustre orientador nos estudos, depois de estágios e projetos
feitos com grandes nomes da área, falara muito e por um bom tempo. Era magro e
baixinho, cabelo loiro tingido para esconder os fios grisalhos com grandes
olhos azuis, usava regata vermelha, bermuda bege e tênis branco.
Cássio ouvia pacientemente o
monólogo, possuía a personalidade calada, fazia comentários apenas quando
solicitado e embora dedicasse sua vida às pesquisas, gostava de guardar suas
vivências para si, falou pouco apresentando-se julgando precisar dizer só o
necessário. Usava uma camisa social de manga longa da cor rosa, calça cinza
presa a um cinto preto e tênis esportivo, era um homem corpulento e careca de
olhos amendoados.
E por fim, havia Yuri, o mais novo
da equipe, aborrecia-se facilmente com discursos longos e floreados, era um
profissional direto e objetivo, seus trabalhos eram exercidos de forma
pragmática, assim como a fala. Vestia uma camisa de manga curta branca, calça
jeans azul marinho e tênis preto, seu cabelo era longo e negro geralmente preso
a um rabo, possuía uma estatura bem comum e os olhos sérios da cor castanha.
Chegando ao local, pegaram os
próprios pertences e caminharam até um lugar plano onde pudessem montar as
barracas onde dormiriam. Enquanto andavam, perceberam sementes germinando no
solo, aparentemente infértil, o que era estranho.
O local era incrivelmente
silencioso, uma vasta planície com terra queimada e vida ainda nascente, vários
espantalhos destroçados e chamuscados pendiam em suas respectivas hastes,
apenas uma encontrava-se vazia, ao centro havia o que restara de uma casa de
madeira, como uma mesa de ferro um pouco derretido tombada de lado, ferramentas
no chão junto com alguns tijolos, entre outras coisas.
Um casarão ao lado permanecia
inteiro, provavelmente era um depósito da colheita, sua estrutura era de metal
cinza e o teto do mesmo material, porém descascando a pintura vermelha, a porta
parecia fundida à parede e impossível de abrir.
Após estarem acomodados, decidiram
estudar o ambiente e passaram o resto do dia até o anoitecer nesta tarefa.
Perto das 18 horas os homens
reuniram-se no centro do espaço que ocuparam, Lucas preparava comida enquanto
os outros apresentavam suas descobertas ao grupo.
Durante a conversa, Cássio
comentou sobre a haste vazia, disse ter encontrado manchas de sangue seco
entranhado à madeira, achou interessante e misterioso o fato, logo o loiro
indagou em um tom divertido o que teria acontecido ali.
-Este lugar é meio estranho, isso
sem dúvida –Comentou o moreno reflexivo, apoiando a cabeça na mão direita,
encarava a panela com fome, perdido nos próprios pensamentos.
-Também lhe dá arrepios? Há! Deve
ser o fantasma do fazendeiro nos assombrando –Comentou em um tom de piada e
terminou, serviu a todos o jantar com vivacidade e alegria. Enquanto ceavam
permaneceram todos em silêncio, concentrados no alimento, tanto que não
perceberam olhos bem fixos neles ao longe.
Não demorou muito para que se
recolhessem a fim de dormir, apenas Yuri ficou acordado, com a justificativa de
ter perdido o sono, permanecera perto das barracas observando o céu.
-Vocês, vocês tiraram tudo de mim
–Uma voz um pouco fia começou a dizer aproximando-se das tendas –Agora eu vou
fazer vocês pagarem por tudo o que fizeram, vão sofrer como eu sofri –Continuou
desta vez mais alto e perto, atraindo a atenção do homem.
Um garoto de pele escura andava na
sua direção, tinha a estatura baixa e olhos castanhos, vestia um macacão
manchado e marrom claro com o chapéu da mesma cor, cicatrizes costuradas com
linha estavam presentes em todo o corpo, como se a pele tivesse sido aberta e
depois fechada, sua aparência assemelhava-se muito com a de um espantalho.
-Quem é você? Está perdido?
–Questionou o cientista sobressaltado, perguntou a si mesmo o motivo do garoto
estar ali, ainda mais fantasiado daquele jeito, até ver a faca carregada em sua
mão direita.
-Ei, o que está fazendo? –Voltou a
perguntar afastando-se com um calafrio, sentiu vontade de sair dali
imediatamente, entretanto lembrou dos outros dois dormindo e decidiu lidar
sozinho com a situação, assim levaria o crédito no final, ou pelo menos alguns
elogios.
-Vocês não deveriam ter vindo
aqui, não se quisessem viver –Continuou falando com um sorriso sádico,
ignorando completamente as perguntas que o moreno fazia, isso irritava-o
profundamente.
Logo, sem deixar brechas para
conversação, jovem avançou no outro rapidamente, levantando a arma pronta para
apunhalar a vítima. Em resposta, Yuri saiu correndo por instinto, resolveu
esconder-se nos escombros da casa.
-Acha que pode escapar? Muito bem,
vamos testar então –Comentou com um ar divertido vendo o alvo fugir do seu
campo de visão, não deu importância ao ocorrido, pois sabia que ele não iria
longe.
O pesquisador refugiou-se atrás da
mesa de ferro, a ideia de fugir de um pirralho irritava-o, todavia aquele ser
causava uma sensação de medo em quem olhasse, seu olhar parecia querer devorar
a alma da sua presa e a ânsia de vingança que emanava dele chegava a assustar e
arrepiar, suas mãos tremiam enquanto tentava pensar racionalmente.
Por que estava ali? Quem era? E
por que diabos estava tentando mata-lo? O adolescente jurava vingança contra
Yuri, porém o mesmo nunca havia visto aquele garoto na vida.
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Enquanto não sai a parte 2 do conto Eliot, clique aqui para ver o conto de terror "Eve"
Ou ati para ver o conto "Emon" se já viu a série VORS
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