As consequências de um fliperama que abriu na cidade - Parte 2

As consequências de um fliperama que abriu na cidade - Parte 2


Aviso: Se você não viu a primeira parte deste conto, clique aqui! para ser redirecionado ao primeiro post "Um novo fliperama abriu na cidade".

Exatamente 10 anos depois daquele acontecimento, eu estava de volta a minha cidade natal, apenas para arquivar alguns documentos pois o local onde eu estava investigando não tinha o sistema necessário para o arquivamento do caso.
Eu estava trabalhando como policial federal em um departamento que busca entender a mente dos criminosos para evitar tragédias.
Como era um trabalho rápido, apenas dei alguns cumprimentos em pessoas conhecidas e assim que acabasse a tarefa iria ir embora.
Mas enquanto me concentrava nos dados, um homem chegou ate a mesa com uma carta nas mãos, seu aspecto era horrível, estava ofegante e desarrumado.
Perguntei se ele estava bem e se precisava de um copo d' agua, que foi aceito prontamente.
Quando entreguei o pedido, ele por sua vez me deu a carta que segurava. Eu, como sendo muito curiosa, abri e vi que se tratava de um convite para a celebração dos 10 anos de libertação das crianças vítimas de trabalho escravo naquele lugar, a festa seria a noite naquele mesmo dia.
Agradeci o homem e peguei minhas coisas correndo para me aprontar deixando assim o pobre homem ali para se recompor.
Não sabia se meus amigos compareceriam mas ainda tinha essa esperança que tomou conta de mim em um instante, me fez ficar agitada, ansiosa, nervosa e aliviada.
De noite, cheguei usando meu único vestido para festa -Um vestido roxo tomara que caia com calda de sereia, com enfeites de vários pedaços pequenos de diamante por todo o seu corpo-, não sabia se era o melhor para a situação, mas decidi arriscar.
Olhei em volta e vi muitas pessoas, mas nenhuma reconhecível, suspirei nervosa enquanto andava pelo salão procurando um lugar para me instalar, me sentia uma completa estranha ali e queria enfiar a minha cabeça em qualquer buraco.
Me sentei em uma mesa observando todos ali, alguns estavam bem de saúde e alegres, outros nem tanto, mas nada daquilo importava pois no fundo de minha mente uma voz insistia em perguntar de Zack e Coddy.
Não demorou muito para que eu tivesse a companhia de mais dois cavalheiros bem vestidos, não dei 
muita importância para eles, ocupada demais com meus próprios pensamentos.
A festa em si não foi lá muito empolgante, dancei algumas vezes com desconhecidos, mas não deixei que nenhum se aproximasse muito, não estava a fim de conversar, mas aqueles homens de antes pareciam não desgrudar de mim, apenas cochichando entre si e em uma distância razoável onde poderiam me ver.
No final, algumas pessoas subiram em um palco improvisado com um microfone e chamaram todos para se reunir ali. Fizeram um belo discurso e chamaram a mim e meus amigos para subir ao palco.
Envergonhada, o fiz, e para a minha surpresa aqueles mesmos "Stalkers" também subiram. Eu os olhei atônita, quem eu tanto procurava estava perto de mim o tempo mas eu não os reconheci. Apenas fiquei parada como boba olhando o rosto dos dois totalmente surpresa, até que alguém chamou minha atenção para prosseguir sua fala.
Uma mulher nos elogiou e entregou um cheque de mil dólares para cada um, recebemos aplausos e olhares de admiração, mas nada daquilo me importava. Aquilo tudo só foi possível graças a morte de alguém que eles nem suspeitavam que estava envolvido. Olhei o cheque e agradeci fingindo um sorriso, saí do palco quando aquela baboseira acabou e me sentei na mesa.
Tanta coisa estava passando pela minha cabeça, eu não sabia lidar com tudo aquilo, estava com raiva, alegria e horror. Era muita informação para processar, e para me acalmar, senti uma mão repousar sobre meu ombro querendo atrair a minha atenção.
Olhei e os vi sorrindo para mim gentilmente, me convidaram para sair dali e eu aceitei prontamente. 
Assim caminhamos para um restaurante e nos sentamos um olhando a cara do outro, aquela cena foi constrangedora, pois pelo menos a minha pessoa não sabia o que dizer.
Com tanto a ser dito, não sabia nem por onde começar, eles estavam tão diferentes e pareciam tão bem-sucedidos que me permiti sorrir pela primeira vez naquele encontro.
Comecei a perguntar sobre eles, o que faziam, onde moravam, essas coisas totalmente triviais. E eles foram respondendo, aos poucos fomos formando uma conversa de verdade e deixando de ser estranhos.
Após algumas bebidas, começamos a dar as primeiras risadas voltando ao passado e ao aconchego da nossa união, parecíamos ter voltado no tempo para sermos crianças novamente.
Perdidos nas histórias e piadas uns dos outros, ficamos ali até anoitecer gastando dinheiro, foi um dia tão especial, mágico e reconfortante, que cheguei a ficar horas sem me preocupar com o mundo, nada importava a não ser aquele momento, e para falar a verdade, depois de tantos anos já achava que essa sensação não existia.
No final, nos despedimos de Zack que teve que ir embora mais cedo e ficamos apenas o loiro e eu, perdidos na rua caminhando por caminhos conhecidos para lugar nenhum.
Depois de tanta conversa jogada fora, ele me contou o porquê que foi deixado no orfanato.
Explicou que seus pais desconfiaram e o fizeram falar tudo o que aconteceu, mas que em vez de dizer que fui eu quem matei aquela mulher, ele assumiu a culpa e seus pais não aguentaram saber disso, na hora o queriam fora de casa e rapidamente acharam um orfanato para que pudesse morar.
Com lágrimas nos olhos, o abracei forte e senti seus braços me envolverem, ouvir que ele foi deserdado só para me proteger quebrou meu coração em pedaços, assim me deixei envolver.Para ser sincera, esse momento foi de tirar o fôlego, as estrelas pareciam mais brilhantes, a lua maior e mais bonita, a rua mais iluminada e o calor de seu corpo era a única coisa que eu precisava.
E ficamos ali por um tempo, naquela bela madrugada, formando uma conexão anormal e estranha que até hoje não entendo o que é, mas sei que foi tão mágico e especial que meras palavras não podem descrever.
No outro dia, os dois me convidaram para ir com eles até sua cidade, tinham que pegar um avião rapidamente para a Europa por causa do trabalho, mas ficariam felizes de me ter por perto. 
Alegremente eu aceitei e me embelezei pensando em Zack, em seus olhos brilhantes e sorriso encantador que não se perdera com o tempo.
Chegando no aeroporto, os vi em frente a uma loja de souvenir, mas não estavam sozinhos, uma mulher alta, magra e estilosa estava segurando a mão de meu amigo.
Me aproximei e nos cumprimentamos, para assim o moreno me dizer que aquela era sua esposa Mary, que não foi ontem na comemoração pois estava passando mal, mas que já estava melhor. 
Surpresa, apertei sua mão macia com o coração na mão.Eu sabia que não deveria ter nutrido sentimentos por ele, nos beijamos apenas uma vez e não vimos por 10 anos! Onde eu poderia estar com a cabeça? Me sentia uma tola, idiota apaixonada.
Me mantive distante do grupo, apenas pronunciando palavras quando me chamavam, com a cabeça longe dali, em um lugar triste e obscuro.
Coddy percebeu essa mudança, e quando nos sentamos nas poltronas ele passou seus braços por meus ombros me aconchegando em seu peito demonstrando carinho. O que eu não esperava, era que esse sentimento evoluiria.

Obrigada por lerem até aqui, se gostaram, por favor comentem e compartilhem, isto ajuda muito blog.

Para continuar lendo outras histórias, clique aqui para ler a história "Hospital de Mentiras"

Comentários